16 de dezembro de 2010

O apanhador de estrelas


Apanhador de estrelas:

Quanta gente vive com medo de se empolgar, de se deixar levar.
"Quanto mais alto maior o tombo, quanto maior o tombo maior a dor".
É o que dizem todos esses,
tão certos de que a qualquer hora alguma coisa irá lhes derrubar.
Eu não. Penso diferente.
Quanto mais alto conseguir chegar, mais perto do céu estou.
Tão perto que até tenho vontade de voar.
E já estive tão alto, acredite, que me senti maior que o mundo.
Até que tive aquela vontade de me jogar.
Mas claro, minhas asas foram fracas e despenquei até beijar o chão.
Ah... mas que gostoso foi a cair!
Sentir a adrenalina e a vertigem que disparam o coração!
Quando finalmente cheguei ao chão
Só o que senti foi aquela sensação de não saber o que fazer.
De novo me senti pequeno e engolido pelo mundo
Mas como num sussurro uma ideia tomou conta de mim:
Em meio a tanta estrela,
Porque não agarrei uma e a roubei do céu?
Acho que no infinito do universo uma só não faria falta.
Mas prometo a mim mesmo
Que ainda hei de encher um saco delas!
Cada estrela uma memória,
E vou provar à humanidade
Que mesmo com tanta ascensão voo e queda
Continuo caminhando
Esperando ansiosamente pela próxima vez que apanharei uma nova estrela amarela...

14 de dezembro de 2010

Os Meios ou os Fins?


 Esta não é uma história comprida. Mas, devo confessar, é um tanto quanto gorda. A vontade que me dá é de conta-la logo do fim, mas aí ela deixaria de ser uma história e seria, simplesmente, um fim! E o que são os fins, sem os meios?

Pra variar, tudo começa num sábado a noite. Não porque Mr. T havia feito grandes planos para a noite. Pelo contrário. Justamente por não ter plano algum se viu assistindo TV, e sentiu uma enorme depressão tomar conta de si. Aquele sentimento que todos nós devemos sentir vez ou outra, de que a Terra do Nunca está cada vez mais distante. A diferença entre nós e Mr. T é que ele foi fazer algo a respeito. Encheu a pança. Cobriu a pança com uma camisa. Encolheu um pouco a pança tentando parecer mais magro, estufou um pouco o peito tentando parecer mais forte, moldou seu topete com gel bozzano, colocou sua corrente prata e borrifou seu melhor perfume. Olhos para frente, o homem é um caçador. E ele estava pronto para sua caçada.

Encontrou uns amigos num posto perto dali. Bebida vai, bebida vem, saíram de lá para outro lugar. Não importa bem onde era. No ambiente esfumaçado de uma boate qualquer, entre mais bebidas, risadas e flertes, encontra uma guria, ou a guria encontra ele, e Mr. T se sente de novo vivo por inteiro! Primeiro o olhar, depois o beijo, quando percebeu já usava a mão inteira num frenesi de desejo. Não sabia quem era ela, mas tinha o mapa de seu corpo nas pontas de seus dedos.

Saíram logo de lá. No carro se beijaram por mais uns quinze minutos. E que guria era aquela, um beijo tão quente, seu corpo transpirava veneno, suas expressões faciais inspiravam em Mr. T os mais loucos desejos. Ele a convenceu a entrar em seu apartamento, e quem sabe comer alguma coisa. Comer era o que ele queria, e claro que ela sabia. Entraram na casa de Mr. T, em silencio para não acordar sua mãe, foram direto pro quarto. Calça prum lado, camisa pro outro, a corrente de prata já quente sobre corpo, quando a guria para seus beijos, o olha no olho e diz, com a voz tremula de desejo: “Então. O que você mais gosta de comer?” Mr. T com toda astúcia de um bêbado achou estranho aquela pergunta, mas falou logo a primeira coisa que lhe veio na cabeça: “LASANHA!”. Querendo saciar sua larica, Mr. t fez com que a moça batesse em partida O infeliz ficou lá. Deitado em pelo, e pensando no que tinha acabado de fazer. E antes de dormir, pensou, pensou, e pensou. “De que valem os meios, quando não chegamos nos fins?”.